As orações subordinadas são consideradas um dos assuntos mais espinhosos da gramática normativa, mas, não tema, pois estamos aqui justamente para te ajudar a entender esse tópico gramatical de uma vez por todas.
De início, é importante que você saiba que as orações subordinadas são subdivididas em substantivas, adjetivas e adverbiais.
No decorrer deste artigo, conversaremos detalhadamente sobre cada uma dessas classificações, explicando e detalhando as suas subclassificações. Vamos lá?
O que é uma oração subordinada?
As orações subordinadas são aquelas que dependem sintática e semanticamente da oração que a precede, chamada de principal, ou seja, quando separamos uma oração subordinada da sua oração principal, a subordinada deixa de fazer sentido.
Vejamos como os autores, Celso Cunha e Lindley Cintra, definem as orações subordinadas:
As orações sem autonomia gramatical, isto é, as orações que funcionam como termos essenciais, integrantes ou acessório de outra oração, chamam-se subordinadas.
Celso Cunha e Lindley Cintra
Para ficar mais claro, vamos analisar o exemplo abaixo:
- É necessário / que o problema seja resolvido com urgência.
Note que, ao isolarmos a oração “que o problema seja resolvido com urgência”, ela deixa de fazer sentido, o que faz dela uma oração subordinada. Fácil, não?
Agora que você já sabe o que é uma oração subordinada, vamos passar a uma das suas classificações: as orações subordinadas substantivas.
Orações subordinadas substantivas
As orações subordinadas substantivas são aquelas que exercem funções sintáticas que, no nível morfológico, são exercidas por substantivos.
As orações subordinadas substantivas são subclassificadas em:
- Subjetiva;
- Objetiva direta;
- Predicativa;
- Objetiva indireta;
- Completiva nominal;
- Apositiva.
Nos próximos tópicos, detalharemos cada uma dessas subclassificações. Vamos lá?
Subjetiva
A palavra subjetiva, nesse caso, remete à palavra sujeito, logo, a oração subordinada substantiva subjetiva é aquela que exerce a função de sujeito da oração principal.
É o caso do primeiro exemplo que vimos. Vamos relembrá-lo?
- É necessário / que o problema seja resolvido com urgência.
Perceba que, aqui, a oração subordinada “que o problema seja resolvido com urgência” cumpre a função de sujeito, sendo classificada como oração subordinada substantiva subjetiva.
Para ficar mais fácil de identificar as subordinadas subjetivas, você pode substituir a oração subordinada por “isso”. Veja: “É necessário isso”, ou “Isso é necessário”. Note que o período continua fazendo sentido e que, agora, é simples identificar que a palavra “isso” é o sujeito.
Objetiva direta
Como o nome já diz, a oração subordinada substantiva objetiva direta é aquela que exerce a função de objeto direto da oração principal.
Vejamos mais um exemplo:
- Desejo / que ele volte.
Aqui, vale a mesma dica. Observe que o período em questão já tem um sujeito: “eu” (sujeito oculto), portanto, a oração subordinada não pode ser subjetiva. Substituindo a subordinada por “isso”, teremos: “Desejo isso”. Ora, quem deseja, deseja alguma coisa, correto? Logo, a oração subordinada só pode estar ocupando o lugar de um complemento verbal, isto é, de um objeto direto.
Objetiva indireta
Na esteira da anterior, a oração subordinada substantiva objetiva indireta é aquela que exerce a função de objeto indireto da oração principal.
Exemplo:
- Gostaria / de que todos me apoiassem.
Repare que o verbo “gostar” é transitivo indireto (quem gosta, gosta de alguma coisa), exigindo, então, um complemento. A oração subordinada “de que todos me apoiassem”, exerce, portanto, a função desse complemento, ou seja, de objeto indireto.
Para identificar as objetivas indiretas, você pode substituir a oração subordinada por “disso”. Lembre-se que os objetos indiretos são complementos verbais introduzidos por uma preposição e o pronome “disso” é a junção da preposição “de” mais o pronome “isso”.
Predicativa
A oração subordinada substantiva predicativa exerce a função de predicativo do sujeito da oração principal.
Exemplo:
- Minha esperança é / que sejas feliz.
Veja que a oração subordinada “que sejas felizes” exerce a função de predicativo do sujeito da oração principal, sendo, por isso, classificada como oração subordinada substantiva predicativa.
A dica aqui é prestar atenção no verbo. Note que o verbo que liga as orações (o verbo ser) é um verbo de ligação. Os verbos de ligação pedem como complemento um predicativo do sujeito, então, caso você se depare com uma oração subordinada separada por um verbo de ligação, é provável que se trate de uma oração subordinada predicativa.
Completiva nominal
A oração subordinada substantiva completiva nominal é aquela que exerce a função de complemento nominal da oração principal.
Exemplo:
- Tenho medo / de que me traias.
Perceba que o substantivo medo pede um complemento (quem tem medo, tem medo de alguma coisa). Aqui, a oração subordinada “de que me traias” exerce a função de complemento nominal da oração principal, recebendo a classificação de oração subordinada substantiva completiva nominal.
Para identificar uma subordinada completiva nominal, você também pode substituir a oração subordinada por “disso”. A diferença aqui é que a oração subordinada estará ligada a um substantivo e não a um verbo. Esse substantivo sempre será abstrato, como no exemplo “medo”.
Apositiva
A oração subordinada apositiva é aquela que exerce a função sintática de aposto da oração principal.
Exemplo:
- Desejo uma coisa: que sejas feliz.
A sacada aqui é prestar atenção na pontuação. As orações subordinadas substantivas apositivas sempre virão separadas da oração principal por dois pontos, vírgula, ou travessão.
Ufa! Chegamos ao fim das orações subordinadas substantivas. Mas ainda não acabou, viu? Nos próximos tópicos, trataremos das orações subordinadas adjetivas. Vamos lá?
Orações subordinadas adjetivas
Aqueles com um olhar mais atento devem ter percebido que, no tópico anterior, uma função sintática ficou de fora: o adjunto adnominal.
Isso acontece porque os adjuntos adnominais, no nível morfológico, são constituídos por adjetivos e não por substantivos. Por isso, quando falamos das orações subordinadas, os adjuntos adnominais ganham a sua própria categoria: as orações subordinadas adjetivas.
As orações subordinadas adjetivas são subclassificadas em restritivas e explicativas. Nos próximos tópicos, veremos como cada uma delas funciona.
Restritivas
As orações subordinadas adjetivas restritivas restringem a significação do nome que a acompanha.
Exemplo:
- O homem / que fuma / vive pouco.
Note que a oração subordinada “que fuma” restringe o tipo de homem a que se refere, pois atribui a ele uma característica específica, marcando-o como diferente.
Explicativas
As orações subordinadas adjetivas explicativas acrescentam uma característica que é própria ao elemento a que se referem, explicando-o.
Exemplo:
- O homem, / que é um ser racional, / aprende com os erros.
Observe que a oração subordinada “que é um ser racional” acrescenta uma característica ao nome “homem” e, ao fazê-lo, explica e expande a compreensão sobre ele.
Agora, passaremos às orações subordinadas adverbiais e às suas subclassificações.
Orações subordinadas adverbiais
Seguindo a mesma linha de raciocínio das substantivas e das adjetivas, as orações subordinadas adverbiais exercem a função de adjunto adverbial da oração principal que a antecede.
São subclassificadas em:
- Causal;
- Comparativa;
- Consecutiva;
- Concessiva;
- Condicional;
- Conformativa;
- Final;
- Proporcional;
- Temporal.
Como veremos nos próximos tópicos, cada subordinada adverbial costuma ser iniciada por um tipo de conjunção específica, mas o ideal é que, ao classificá-las, você se atente ao sentido da frase como um todo e evite ficar decorando conjunções.
Causal
As orações subordinadas adverbiais causais exprimem uma circunstância de causa, ou seja, um motivo para que algo aconteça ou deixe de acontecer.
Exemplo:
- Não viajamos / porque estava chovendo muito.
Repare que a oração subordinada “porque estava chovendo muito” explica o motivo da viagem não ter acontecido, sendo considerada, portanto, uma oração subordinada adverbial causal.
As principais conjunções causais são:
- porque;
- visto que;
- já que;
- uma vez que;
- como (quando tiver o mesmo sentido que porque).
Comparativa
As orações subordinadas comparativas exprimem uma circunstância de comparação, isto é, coloca dois acontecimentos em equivalência ou em contraste.
Exemplo:
- Choveu / como chove em Manaus.
Veja que a oração subordinada “como chove em Manaus” estabelece um estado de comparação entre o volume de chuva de dois lugares distintos, sendo, por isso, considerada uma oração subordinada adverbial comparativa.
As principais conjunções comparativas são:
- como;
- que (precedido de mais ou menos).
Consecutiva
As orações subordinadas consecutivas exprimem uma ideia de consequência, ou seja, o resultado ou o efeito de uma ação qualquer.
Exemplo:
- Choveu tanto / que o jogo foi cancelado.
Note que a oração subordinada “que o jogo foi cancelado” apresenta uma consequência da oração principal “Choveu”, sendo, pois, classificada como oração subordinada adverbial consecutiva.
A principal conjunção consecutiva é o que (precedido de um termo intensivo: tão, tal, tanto).
Concessiva
As orações subordinadas concessivas exprimem uma circunstância de concessão, relacionando-se ao ato de permitir ou de admitir uma ideia contrária.
Exemplo:
- Choveu / embora a meteorologia previsse bom tempo.
Perceba que na oração subordinada “embora a meteorologia previsse bom tempo” admite-se que, apesar de a previsão ser outra, choveu. Por esse motivo, essa oração é classificada como oração subordinada adverbial concessiva.
As principais conjunções concessivas são:
- embora;
- se bem que;
- ainda que;
- mesmo que;
- por mais que;
- por menos que;
- conquanto.
Condicional
As orações subordinadas condicionais exprimem a ideia de condição, estabelecendo uma circunstância para que algo aconteça ou deixe de acontecer.
Exemplo:
- Viajaremos / se não chover amanhã.
Observe que a oração subordinada “se não chover amanhã” estabelece uma condição para que a viagem aconteça, sendo, por isso, classificada como oração subordinada adverbial condicional.
As principais conjunções condicionais são:
- se;
- caso;
- contanto que;
- desde que.
Conformativa
As orações subordinadas consecutivas exprimem a ideia de conformidade, isto é, de adequação, de não contradição.
Exemplo:
- Choveu, conforme era previsto.
Repare que a oração subordinada “conforme era previsto” ratifica a oração principal “Choveu”, recebendo, pois, a classificação de oração subordinada adverbial conformativa.
As principais conjunções conformativas são:
- conforme;
- segundo;
- consoante;
- como.
Final
As orações subordinadas finais exprimem a ideia de finalidade, entendida aqui como o objetivo a que se quer chegar.
Exemplo:
- Os lavradores esperavam a chuva / a fim de que não perdessem a colheita.
Note que a oração subordinada “a fim de que não perdessem a colheita” funciona semanticamente como objetivo da oração “Os lavradores esperam a chuva”. Sendo assim, a oração subordinada será classificada como oração subordinada adverbial final.
As principais conjunções finais são:
- a fim de que;
- para que;
- que.
Proporcional
As orações subordinadas proporcionais exprimem circunstância de proporção, ou seja, de paridade entre dois fatores.
Exemplo:
- À proporção que a civilização progride, / o romantismo se extingue.
Veja que a oração subordinada “o romantismo se extingue” está em paridade com a oração principal “A proporção que a civilização progride”, logo, a oração subordinada será classificada como oração subordinada adverbial proporcional.
As principais conjunções proporcionais são:
- à proporção que;
- à medida que;
- quanto mais;
- quanto menos.
Temporal
As orações subordinadas adverbiais temporais exprimem a ideia de tempo.
Exemplo:
- Choveu / quando eram dez horas.
Observe que a oração subordinada “quando eram dez horas” traz uma circunstância temporal para a oração principal, sendo, portanto, classificada como oração subordinada adverbial temporal.
As principais conjunções temporais são:
- quando;
- enquanto;
- logo que;
- desde que;
- assim que.
Orações subordinadas reduzidas
Em alguns casos, as orações subordinadas são simplificadas, ou, atendo-nos ao tópico em questão, reduzidas.
Essa redução é feita por meio das formas nominais do verbo: gerúndio, particípio e infinitivo.
As orações reduzidas não apresentam conjunções, então, para analisá-las, é necessário desenvolvê-las para que a conjunção apareça.
Exemplo:
- Penso estar doente.
Oração desenvolvida:
- Penso que estou doente.
Veja que a conjunção “que” estava “escondida” dentro do verbo no infinitivo “estar”. Desenvolvendo a oração, vemos que se trata de uma oração subordinada substantiva objetiva direta.
Para completar a análise, basta acrescentar que a oração é “reduzida de infinitivo”, ficando oração subordinada substantiva objetiva direta reduzida de infinitivo.
Chegamos ao fim da nossa conversa. Esperamos que as suas dúvidas tenham sido sanadas. Não deixe de fazer exercícios para consolidar os conceitos assimilados, ok?
Veja também:
Referência
CUNHA, C.; CINTRA, L. Nova gramática do português contemporâneo. [s.l.] Lexikon, 2016. books.google.com.br/books?id=vSf3zQEACAAJ