Antes de estudar sobre o relevo brasileiro é necessário relembrar o conceito de relevo. Sabemos que o planeta Terra não é uma esfera perfeita, deste modo, pode-se dizer que o relevo corresponde às diferenças nos níveis terrestres, ou seja, apresenta níveis e formas desiguais.
Estas formas possuem diferentes nomes e características classificados de acordo com sua morfologia (estudo das formas e suas transformações).
Para o entendimento das modificações do relevo é necessário considerar seus agentes transformadores, ou seja, os agentes que esculpem o relevo. Há dois agentes transformadores, chamados endógenos (internos) e exógenos (externos).
Os agentes internos, como o próprio nome diz, ocorrem nas áreas internas do planeta Terra, apresentadas na forma de vulcanismo e tectonismo. Já os agentes externos, ocorrem na área externa do planeta, através de inconstâncias climáticas, como, por exemplo, na incidência de chuvas e ventos de alta intensidade, movimentação das geleiras, causando assim a chamada erosão. A erosão no que lhe concerne corresponde ao desgaste produzido na camada terrestre.
Outro fator importante para o estudo do relevo corresponde a classificação das rochas. Esta classificação é necessária de modo a organizar a tipologia das rochas que compõem a litosfera do planeta Terra. Vejamos a seguir os três principais tipos de rochas que deram origem a outros tipos de rochas: sedimentares, magmáticas e metamórficas.
Sedimentares: As rochas sedimentares são resultados da desintegração rochosa e da deposição de resíduos causado pela ação da água, ventos ou geleiras. Exemplos de rochas sedimentares: Argilito, Carvão, Calcário, Areia, Arenito, entre outros.
Magmáticas: Também chamadas de ígneas, as rochas magmáticas são originárias do enrijecimento da lava expelida pelos vulcões e do magma. Podem ser divididas em intrusivas e extrusivas.
As rochas magmáticas intrusivas são geralmente produzidas no interior da Terra, havendo formação na superfície somente quando há emergências das placas tectônicas. E as rochas extrusivas são produzidas por meio do resfriamento do magma lançado para fora do vulcão, conhecido como lava.
Metamórficas: Estas rochas são derivadas de outras rochas, denominadas “rochas-mãe”. Seu nome se dá pois elas são o resultado da transformação de rochas sedimentares e magmáticas.
Estruturas e Formas de Relevo Brasileiro
O Brasil é um país de grandes dimensões, desta forma, sua formação atende diversas estruturas geológicas recente e antigas, compreendendo todas as eras geológicas (pré-cambriano, paleozoico, mesozoico e cenozoico). Visualize abaixo as eras geológicas e as formações adquiridas:
Estrutura Geológica | Relevo | Era Geológica |
---|---|---|
Maciços ou escudos cristalinos | Planaltos cristalinos | Pré-cambriana |
Bacias sedimentares antigas | Planaltos sedimentares | Paleo-mesozóica |
Bacias sedimentares recentes | Planícies | Cenozóica |
Dobramentos modernos ou recentes | Montanhas | Cenozóica |
Existem três tipos de macroestruturas ou macrocompartimentos encontrados no relevo brasileiro, chamadas de bacias sedimentares, cinturões orogênicos e crátons (plataformas).
Bacias Sedimentares: As bacias sedimentares são estruturas geológicas compostas por rochas sedimentares. O Brasil possui três grandes bacias sedimentares, são elas a Amazônica, do Paraná e do Parnaíba.
Cinturões Orogênicos: Também chamados de dobramentos, os cinturões orogênicos correspondem às estruturas formadas por meio da movimentação das placas tectônicas, nas quais ocasionam as cadeias montanhosas. No Brasil tem-se três exemplos: o Cinturão Orogênico do Atlântico, de Brasília e do Paraguai-Araguaia.
Crátons ou Escudos Cristalinos: São consideradas estruturas geológicas muito antigas e estáveis, as mesmas possuem predominância de rochas metamórficas do período pré-cambriano, poucas rochas intrusivas e resquícios de rochas sedimentares. No Brasil encontram-se três áreas de crátons, são elas o Cráton das Guianas, o Cráton Amazônico e o Cráton do São Francisco.
Planaltos
Os planaltos correspondem a extensões da superfície mais elevadas em comparação com as planícies e depressões. As elevações sofrem constante desgaste erosivo, produzindo muitas irregularidades.
Exemplos: chapadas, morros, serras.
Planícies
As planícies correspondem a superfícies planas constituídas pelo material erodido de áreas próximas. É o local onde existe um acúmulo de sedimentos e deposição capazes de produzir a sedimentação.
Depressões
As depressões são porções mais planas do que os planaltos, nas quais apresentam leves inclinações. As mesmas também sofrem processos erosivos e elevações residuais.
As Classificações do Relevo Brasileiro
O relevo brasileiro possui três classificações principais. Vejamos a seguir:
Classificação apresentada por Aroldo de Azevedo
A primeira classificação corresponde a de Aroldo de Azevedo, desenvolvida em 1940, em que o geógrafo utilizou-se da altimetria como método de classificação, a altimetria consiste na medição de altitudes, mais precisamente na diferença entre elas. Desta forma, segundo Aroldo de Azevedo, o relevo se divide em:
- Quatro planaltos, denominados: planalto das guianas, planalto central, planalto atlântico e planalto meridional.
- Três planícies, denominadas: planície amazônica, costeira e do pantanal.
Classificação apresentada por Aziz Ab’Saber
A segunda classificação foi apresentada em 1950, por Aziz Ab’Saber, contemplando os processos de sedimentação e erosão ocorrida na superfície terrestre brasileira. Desta forma, de acordo com Aziz Ab’Saber o relevo se divide em:
- Planaltos, que correspondem a superfícies aplainadas e modificadas resultantes do processo de erosão. Sendo eles: planalto das guianas, planalto do Maranhão — Piauí, planalto nordestino, planalto central, planalto meridional, serras e planaltos do Leste e Sudeste e planalto Uruguaio-Sul-Rio-Grandense.
- Planícies, que correspondem as terras rebaixadas, resultantes do processo de sedimentação, independente da altitude. Sendo elas: planícies e terras baixas Amazônicas, planície do Pantanal e planícies e terras baixas costeiras.
Classificação apresentada por Jurandyr Ross
E a terceira classificação é a mais atual e detalhada, contando com 28 unidades de relevo. Esta foi apresentada em 1995 por Jurandyr Ross, onde foram considerados os seguintes elementos: altitude, estrutura geológica, ação do clima e agentes externos modeladores, como a erosão. Portanto, conforme Jurandyr, o relevo brasileiro se divide em:
- Planaltos: Superfícies com altitude acima de 300 metros, como chapadas, serras e morros. Sendo eles: planaltos da Amazônia oriental, planaltos e chapadas da Bacia do Parnaíba, planaltos e chapadas da Bacia do Paraná, planaltos e serras do Leste-Sudeste, planaltos e serras do Goiás-Minas, planaltos e serra residuais do Alto Paraguai, planalto da Borborema e Planalto Sul-Rio-Grandense.
- Planícies: Superfícies com altitude inferior a 100 metros, caracterizadas pelo seu aspecto plano em comparação com as depressões. Sendo elas: planície do Rio Amazonas, do Araguaia, planície e pantanal do Rio Guaporé, Mato-Grossense, planície das lagoas dos Patos e Mirim e planícies e tabuleiros litorâneos.
- Depressões: Superfícies com altitude entre 100 e 500 metros, sendo mais planas que as áreas ao seu redor, principalmente se comparadas com os planaltos. Sendo elas: depressão da Amazônia Ocidental, norte – Amazônica, sul – Amazônica, do Araguaia- Tocantins, Cuiabana, Alto Paraguai-Guaporé, do Miranda, sertaneja – São Francisco, do Tocantins, periférica da borda leste da Bacia do Paraná e periférica Sul – Rio – Grandense.
Os Três Perfis que Resumem o Relevo Brasileiro
O território brasileiro possui três perfis que caracterizam o relevo. São eles: Norte e Nordeste.
Norte: Compreende os planaltos residuais partindo do Norte – Amazônico até o Sul – Amazônico, sendo que em seu percurso encontram-se depressões marginais e planícies. A planície Amazônica corresponde ao rio Amazonas e as depressões marginais são as áreas que fazem a margem do rio.
Nordeste: Possui primordialmente os tabuleiros litorâneos, que fazem a divisa do mar com o continente, após encontra-se o planalto da Borborema, responsável por bloquear os ventos e umidade advindos do Oceano Atlântico, mantendo-os na Zona da Mata, após tem-se a depressão sertaneja São – Francisco, apresentando um clima árido por consequência do bloqueio exercido pelo planalto da Borborema. O sertão segue percurso até os planaltos e chapadas da Bacia do Parnaíba.
Centro-Oeste, Sudeste e Sul: Compreende a planície e pantanal mato-grossense, a bacia do Paraná (grande responsável pela geração de energia hidroelétrica) até os planaltos e serras do Atlântico Leste – Sudeste e Planalto Sul-Rio-Grandense.
Relevo Submarino
O relevo marinho é dividido por compartimentos. Primeiramente encontra-se a Plataforma Continental, ou seja, é a porção marinha mais próxima do continente. Após, tem-se o Talude e Zona Pelágica, caracterizado por sua imensa profundidade, podendo chegar a três quilômetros abaixo da plataforma continental.
Seguindo, a exemplo do Oceano Atlântico, encontra-se a Dorsal Mesoatlântica, podendo haver nestas porções ilhas formadas por meio da solidificação de rochas e por fim, há uma porção profunda, chamada Fossa Abissal, onde praticamente não recebe luz solar.
Mar Territorial e Zona Econômica Exclusiva
Quando se fala em Mar Territorial é necessário ter em mente o conceito de território, ou seja, uma porção do espaço delimitado por fronteiras e sob determinada relação de poder. Assim como no continente, o mar também está delimitado e sob relação de poder, desta forma, estabelece-se que o mar territorial estende-se a uma faixa marítima de 12 milhas (22,224 km) náuticas além do limite continental estabelecido.
Zona Econômica Exclusiva corresponde ao pertencimento de 200 milhas (370,4 km) náuticas a partir da costa para o determinado país possuinte de faixas situadas para além das águas territoriais. Desta forma, o país possuinte decidirá como será o aproveitamento e gerenciamento de recursos marítimos desta porção territorial.
Autora: Ingrid, Licenciada em Geografia