O que é Globalização?
Globalização é um termo utilizado para descrever um processo multidimensional, ou seja, que tem a capacidade de englobar dimensões nos âmbitos econômicos, culturais, políticos e sociais.
Ela consiste em um fenômeno atual que objetiva a maior integração entre os mercados produtores e consumidores, como, por exemplo, a difusão de serviços, mercadorias e informações em praticamente todo o globo terrestre, podendo ou não ocorrer simultaneamente.
O processo da globalização teve seu início a partir do momento em que o homem sentiu a necessidade de expandir seu domínio territorial, econômico e político.
Desta forma, entende-se que os pilares da globalização começaram com as grandes navegações no século XVI, nas quais configuraram um período de considerável avanço em diversas áreas, a exemplo disso podem-se citar: o descobrimento de novos territórios, a evolução cartográfica, comercial e uma diversidade de invenções revolucionárias, que trouxeram ao longo dos séculos as revoluções industriais.
A primeira revolução industrial, considerada entre os anos de 1760 a 1850, traz como principal característica a mecanização de processos que antes eram totalmente manuais.
Com o advento da utilização da máquina a vapor (esta que transforma o fluxo de vapor em movimento mecânico) os processos foram otimizados, melhorando o tempo de produção e as condições de trabalho.
Após, a segunda revolução industrial, concebida entre os anos de 1851 a 1945, mostra o pontapé inicial para uma era tecnológica, com a implementação da eletricidade nos processos industriais, assim como a produção em massa e o desenvolvimento de linhas de montagem, diminuindo o tempo de produção e aumentando a quantidade de produtos produzidos, acarretando em uma dinamização do processo tradicional.
Por sua vez, tem-se a terceira revolução industrial, iniciada em 1946, com desenvolvimento até os dias atuais, na qual caracteriza-se pela computação, automação e inserção da internet, não somente no ambiente industrial, mas em todas as esferas econômicas, culturais, políticas e sociais.
Desenvolvimento e subdesenvolvimento
A partir da Nova Ordem Mundial, uma nova classificação foi adotada. Dividindo, de maneira geral, os países em: desenvolvidos, subdesenvolvidos e emergentes.
Nesta nova classificação, os países desenvolvidos situam-se no Hemisfério Norte, com exceções, e os subdesenvolvidos e emergentes no Hemisfério Sul, obedecendo um linha imaginária entre os eles, configurando áreas de influência de países ou blocos econômicos do Norte sobre os do Sul e também esclarecendo a divisão entre os níveis de pobreza e riqueza, como pode ser observado na imagem a seguir:
imagem aqui
O índice utilizado para a classificação de um país em: desenvolvido, subdesenvolvido ou emergente é o seu IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). O IDH utiliza da observância de três principais indicadores para sua constatação final, são eles: educação, saúde e renda.
Além disso, o IDH é uma referência numérica que varia entre 0 e 1. Quanto mais próximo de zero, menor é o indicador e consequentemente seu índice de desenvolvimento. Quanto mais próximo de 1, melhores são as condições e maior será seu grau de desenvolvimento.
Países desenvolvidos
Os países desenvolvidos possuem como características gerais: o alto nível de industrialização, que se torna um dos principais componentes da receita total, desenvolvendo também um PIB (Produto Interno Bruto) e uma renda per capita alta.
Lembrando que, o PIB corresponde a toda riqueza produzida em um país em um determinado período de tempo e a renda per capita é a divisão de toda essa riqueza pelo número de habitantes.
- A taxa de mortalidade é considerada baixa, elevando assim o nível de expectativa de vida.
- A taxa de analfabetismo é praticamente nula, entendendo-se que, com uma população totalmente alfabetizada o índice de educação está adequado.
- A economia é independente, ou seja, possui uma estabilidade econômica maior, diminuindo possíveis inflações e crises.
- E a distribuição de renda, de forma generalizada, é igualitária, refletindo em baixos índices de desigualdade social.
Países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos
Os países em desenvolvimento possuem como características gerais: baixos níveis de industrialização, sendo mais voltados para a agricultura e serviços, desencadeando uma renda per capita consideravelmente baixa ou moderada, afetando os demais índices que compõe o IDH. Também há considerável desemprego, má distribuição de renda, tornando visível a desigualdade social.
- A taxa de mortalidade, assim como de natalidade são altas. E taxas de analfabetismo existem, demonstrando falhas tanto no âmbito educacional como na saúde.
- A economia dependerá do cenário econômico disposto pelos países desenvolvidos, tornando-a instável.
O declínio da teoria dos mundos
Antes da implementação da chamada Nova Ordem Mundial, ocorrida após a queda do muro de Berlim, o fim da União Soviética e por consequência o fim da Guerra Fria (conflito ideológico entre os Estados Unidos e a União Soviética), havia uma primeira classificação no que diz respeito ao índice de desenvolvimento de cada país, elencado às duas ideologias constantes, fruto da Guerra Fria e da Velha Ordem Mundial: o capitalismo e o socialismo, dando origem a chamada, teoria dos mundos. Esta classificação consistia na seguinte divisão:
- Primeiro Mundo — países capitalistas desenvolvidos.
- Segundo Mundo — países socialistas desenvolvidos.
- Terceiro Mundo — países subdesenvolvidos e emergentes.
Após o declínio e dissolução da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) em 1991, os países de segundo mundo deixaram de existir. Restando somente os países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Desta forma, com a Nova Ordem Mundial, houve também uma nova divisão, sendo que, os países capitalistas (de primeiro mundo) e socialistas (de segundo mundo) formaram o que chama-se de países desenvolvidos, e que por coincidência, se localizam no Hemisfério Norte (com exceções), sobrando assim os países subdesenvolvidos ou emergentes (de terceiro mundo), localizados no Hemisfério Sul.
Países emergentes
Os países emergentes são uma subcategoria dos países subdesenvolvidos, que possuem de maneira geral: um IDH mediano, ainda apresentarão desigualdades sociais, analfabetismo ou desemprego, porém, possuem características econômicas próximas aos dos países desenvolvidos, apresentando um crescimento econômico considerável. A exemplo têm-se países como o Brasil, China, Coreia do Sul, Argentina, México, entre outros.
Nova ordem mundial e o processo de globalização
A Nova Ordem Mundial extinguiu a Velha Ordem Mundial, que bipolarizou o mundo durante o período da Guerra Fria, de 1947 até 1989.
Esta Nova Ordem caracterizou-se pela sua unipolaridade e multipolaridade. A unipolaridade diz respeito ao poderio político e militar dos Estados Unidos na década de 1990. E a multipolaridade representou uma mudança significativa no que tange a potencialidade de uma nação perante a outras, passando de poderio militar para poderio econômico, ou seja, os países que estiverem a frente no mercado mundial, englobando principalmente o desenvolvimento industrial e tecnológico, estarão influenciando a economia restante.
Assim, no novo modelo multipolar, surgiram concorrentes na esfera econômica para rivalizar ou acordar com os Estados Unidos, em primeiro momento pode-se citar o Japão e o bloco econômico da União Europeia e em segundo momento, até os dias atuais, a China.
O processo de globalização evoluiu juntamente com a multipolaridade ocasionada pela Nova Ordem Mundial, pois a concorrência econômica, assim como a disseminação cultural, tecnológica, política e de comunicação desenvolveram um mundo interligado e acessível (não totalmente) para muitos indivíduos. A exemplo disso pode-se pensar na evolução dos televisores, celulares, computadores, meios de transporte, formas de trabalho, entre outros.
Características da globalização
A globalização tem como principal característica a multidimensionalidade que ela é capaz de atingir, ou seja, está presente em várias dimensões, sejam elas, econômicas, políticas, culturais ou de comunicações. Além disso, a globalização consegue interligar estas dimensões e as pessoas inseridas nela em objetivos comuns.
Uma das consequências positivas da globalização são as chamadas Redes Geográficas. Estas redes correspondem aos principais meios utilizados para que exista a conexão entre os indivíduos, sejam eles físicos ou digitais.
Globalização econômica
A globalização econômica é pautada por toda a evolução observada nos processos produtivos ao longo da história, estes, caracterizados pelo emprego de inovações em todos os setores econômicos, principalmente no setor industrial, nas trocas financeiras e comerciais, no comportamento de mercado, na criação de blocos econômicos com a intenção de facilitar e beneficiar seus integrantes, no que diz respeito as relações comerciais, além da expansão de empresas multinacionais, responsáveis por difundir produtos em escala global, interagindo com outros elementos sociais, como nas comunicações, na cultura e no espaço geográfico como um todo.
Globalização política
A globalização política ocorre em fundamento as outras formas de globalizar, ou seja, ela é necessária para organização, burocratização, delimitações e demais práticas políticas resultantes dos processos da globalização econômica, cultural e de comunicação.
Globalização das comunicações
Também chamada de globalização da informação, as comunicações passaram por um processo evolutivo rápido e amplamente empregado de tecnologia no decorrer das últimas décadas. O advento da internet permitiu um salto gigantesco na comunicação pessoal e empresarial, conectando os indivíduos através do ciberespaço.
Porém, não se pode esquecer dos outros meios de comunicação anteriores aos celulares e computadores, como o rádio e a televisão que também já configuravam um mundo em globalização, podendo difundir ideias e notícias para várias partes do globo.
Globalização cultural
A globalização cultural pode ser entendida como a troca cultural, de costumes e tradição ocorrida neste processo. A curiosidade do homem em conhecer formas e estilos de vida diferentes dos habituais é nítida. Desta forma a globalização facilitou essa aproximação cultural e até mesmo permitiu que, as práticas culturais fossem aculturadas, ou seja, encontradas fora de seu local de origem.
A exemplo disso, temos festas, comidas típicas, estilos, ritmos musicais, entre tantas outras formas de demonstrar o apreço cultural de um local do mundo para outro.
Quais as vantagens e desvantagens da globalização?
A globalização pode apresentar tanto aspectos positivos quanto aspectos negativos.
Dentre os aspectos positivos ou vantagens, tem-se:
- Desenvolvimento e ampliação das transações comerciais e financeiras, configurando um mercado econômico promissor.
- Evolução dos meios de comunicação, com a introdução da internet, facilitando a difusão de conhecimento entre as pessoas.
- A utilização de sistemas em praticamente todos os setores econômicos, assim como a adoção de novas tecnologias.
- Aproximação cultural entre os países
Dentre os aspectos negativos ou desvantagens, pode-se citar:
- Primeiramente a desigualdade social, onde os principais frutos da globalização geralmente ficam em domínio de minorias.
- Concentração da riqueza global nos países desenvolvidos.
- A falsa ideia de que literalmente todos os países do planeta estejam conectados, já que, muitos países do mundo, geralmente os que apresentam baixo IDH, ainda sofrem com o atendimento de necessidades básicas.
- Apropriação cultural indevida.
Texto: Ingrid, Licenciada em Geografia.
Referência
Geografia econômica e geografia política/ Alceli Ribeiro Alves. Curitiba: Intersaberes, 2015.